segunda-feira, 17 de novembro de 2008

Resposta pro teu email ...

São entre os escombros de nossas construções que a vida segue seu rumo,
Sem direção,
Tentando desesperadamente encontrar um caminho,
Um alicerce sólido que me permita viver sem medo.

São entre nossas ruínas e procurando esse alicerce que eu te amo,
Sem mentiras, sem obstáculos, testando os meus limites e aprendendo com as teus,
Sendo simplesmente confusa e intensa.

É no nosso sexo que me encontro,
Eu, a meretriz do teu cabaré,
A prostituta, a pequena apaixonada,
A mulher, a cúmplice dos teus e dos meus defeitos.

São essas coisas que me trazem aqui,
Aos pés do nosso castelo,
Que ainda não passa de uma ilusão,
Tão forte e tão boa que incansavelmente desejo que exista.

É assim que me vejo ao teu lado,
Esperando te sentir cada vez mais perto,

E sendo cada vez mais tua.


(17/11/2008 - Devaneios depois de um final de semana forte, sincero e intenso. É assim que a vida tem que ser!!!)



sábado, 8 de novembro de 2008

O inferno está de volta... Bem FELIZ!!!!




Bom, eu não escrevo a algum tempo, talvez porque a meretriz não consiga escrever quando está feliz, talvez porque a tragédias sempre sejam mais atraentes, não importa.

Resolvi temporariamente abandonar o lápis e me perder nas cores, o resultado pode parecer banal, simples, comum... Que seja, nem sempre o que é comum é ruim.

Beijusss a todos que eu amo, e em especial pro meu lindo que felizmente não desistiu da nossa ciranda.

PS: O Jonathan fez até uma oferta pro quadro huauhahu Brigado amore, mas esse é pra casa nova... :)

segunda-feira, 14 de abril de 2008

Lavoura Arcaica de Luiz Fernando Carvalho.

Meretriz

Cansei de ser a meretriz da tua história,
De pintar meus olhos com sarcasmo,
De pincelar meus lábios com deboche.

Cansei de dançar na tua ciranda,
Com meus quadris embalados pelo teu gozo,
Encharcados pelo teu suor.

Cansei de encobrir meus sentimentos,
Enquanto tiras as minhas roupas,
E tentas desesperadamente preencher as lacunas do teu desejo.

Cansei de escutar o teu choro velado,
Enquanto finges que não sou eu quem te completa.

(14/04/2008)



segunda-feira, 7 de abril de 2008

Morte Aparente

Meu corpo estava ali,
Mas não mais te sentia.
Incansavelmente tentavas esquentar minhas mãos,
Elas já não te tocavam.
Não escutavas mais meus suspiros,
E apenas o vento que emanava das frestas te fazia companhia.

Já não era eu,
Sentia-me calma, tranqüila.
Só tua cegueira acreditava nos meus movimentos,
Só tua vontade ainda possuía-me,
Segurava-me.
Deixei de ser o que desejavas,

Mas o sentimento e o delírio ainda correm em ti.

(Agosto de 2007)


quinta-feira, 3 de abril de 2008

Pra Você,

é um fato que teus olhos mudaram,
talvez até junto com os meus.
É um fato que o nosso cenário mudou e nossas rugas evidenciam essas mudanças.

Tua face perdeu o sorriso tímido,
a ingenuidade,
a esperança do humilde menino do interior.

Tua face perdeu a vergonha que te era imposta,
e tu enfim soltou o verdadeiro sorriso,
uma gargalhada frouxa,
ofensiva e venenosa quando tua vida te mostrou que era preciso.

Carregas hoje o suor das tuas batalhas,
o cheiro do teu sexo,
a lucidez do teu discurso.

Teu corpo suportou a flagelação dos julgamentos,
as punhaladas daqueles que amaste tanto quanto a mim.

Hoje te mostras mais forte que todos eles,
exorcizaste teus fantasmas,
jogaste fora tuas velhas roupas,
desconstruíste teu refúgio da infância.

Hoje tua pele é um manto digno de um imperador,
e tua força mataria mais que mil homens.

Hoje teus inimigos estão dentro de ti,
e nada te fere mais que teu orgulho.
O preço de tuas vitórias mostrou-se alto,
E tuas alegrias são tão intensas quanto tuas tristezas.

Tua vida segue...

Desmedido é o amor que sentes,

e mais ainda o amor que recebes.

(Escrito para o Dinho, presente de aniversário...heheheh)


segunda-feira, 24 de março de 2008

Retalho Perdido...

(...)

Tantos foram os momentos que aqueles olhos se fecharam tristes,
calados pela tua indiferença,
amedrontados diante dos limites do nosso jardim.
Tantos foram os dias que chorei sorrindo,
que gritei por socorro em silêncio.


Tantos foram os cenários que deixei pra trás,
que desconstruí com a tua ausência.
Tantas são as ruínas que encontro diante de mim,
fragmentos sem cores,
sem sentimentos.

quarta-feira, 19 de março de 2008

Devaneios de um filme do Vinícius

Não existe lugar pra mim,
Não existe lugar para o que eu não sou,
muito menos para aquilo que sou ou “imagino” ser.
Não existe lugar algum que caiba tua ausência
nem tua abundância...
Triste, alegre e intenso é o sentimento que existe em mim,
que vivencio aqui ou ali, mas nunca no meu lugar.

Em lugares quaisquer
Sempre na espera incessante de te encontrar em algum corpo estranho
Em toques efêmeros de uma madrugada gelada de agosto
Tentando extrair aquilo me sufoca
Saciar minha fisiologia
E depois voltar a minha ilusão
Ao meu dês-lugar a minha des-existência

Minha auto-imagem tão bem lapidada
Em órbita dos outro.


(Ni e Didio)

Esse foi escrito por duas mãos, beijusss pro Didio, depois de assistir o filme sobre a vida de Vinicius de Moraes. Lembro que sai do cinema querendo amar e amar ... hehehhe
O desenho é de um artista muito bacana chamado J. Victtor que nasceu em Belo Horizonte em 1957 e vive no Rio de Janeiro. Quem quiser conferir mais dele vale a pena dar uma espiada www.jvicttor.com.br .


Cirandas...

Adultos querendo brincar de roda, resgatar os sentimentos mais felizes da infância, esquecer do tempo, das distâncias. As “Cirandas” foram escritas para um “amigo” muito especial que me visitava sempre, acho que eram as terças-feiras mas poderiam ser as quartas ou quintas, já nem lembro mais... Em uma dessas visitas assistimos “Last Tango in Paris” , eu amo o filme e acho fascinante como Bertolucci consegue livrar-se das máscaras, atingir nossos pensamentos mais insanos...

Quem me dera ter um apartamento vazio e um pote de manteiga ... hauhauhahau


Ciranda

Brincadeira de criança que nos prende,
Que alimenta a nossa carne,
Que leva e traz suas crianças no leva e traz dos nossos discursos preparados.

Brincadeira de criança que nos afasta do resto,
Que se alimenta dos nossos medos.

Cantiga de roda que embala corpos sedentos,
Encorajados pelo desejo do novo,
Pela curiosidade do que ainda será dito

Ciranda que gira nossos anseios,
Seduz com seu ritmo.
Ciranda que brinca com os sentimentos que ainda não temos,
E que conscientemente não deveríamos construir.

(21/08/2007 – Devaneios de um bolo com vinho.)


Ciranda II(Fim da canção)

A cantiga para,

O ritmo se desfaz,

E a melodia ecoa apenas nos meus pensamentos mais distantes.

Não te reconheço mais entre as crianças,
Não sinto mais a tua mão.

Perdemos-nos na ciranda e ela no tempo.
Perdemos.

A ciranda pára,
O sentimento se desfaz,
E a minha lembrança ecoa apenas nos teus pensamentos mais distantes.

Não te procuro mais entre as crianças,
Não tenho mais tua atenção.

Perdi-me na ciranda e ela no tempo,
Perdi.

(07/09/2007 – Devaneios de um sábado à noite)


“Deixa eu brincar de ser feliz, deixa eu pintar o meu nariz.”


Deixa eu ser louca,

Desvairada,
Desequilibrada,
Insana.
Deixa eu beber até cair,
Até trocar as palavras,
Até perder os sentidos.
Deixa eu extravasar,
Sorrir,
Gritar.
Deixa eu aqui sozinha (às vezes),
Com minha solidão,
Com minha dor,
Com meus devaneios.

Deixa eu ser fora do padrão,
Do mundo,
Do contexto.
Deixa eu com meus amigos,
Com as pessoas que eu amo,
Com meus conceitos,
Com meu comportamento “sexual dançante”.
Deixa eu ficar aqui,
Ali,
Ou em qualquer lugar do meu pequeno universo.

Deixa eu ser feliz
Ficar contigo,
Te mostrar aquilo que acredito.
Deixa eu aprender ao seu lado,
Olhar pelo seu mundo.
Deixa eu te ouvir,
Te tocar,
Te sentir.

Deixa eu brincar antes que tudo acabe,
Antes que seja tarde,
Antes que me torne estranha,
Antes que “você” se apague,
Antes do fim.

Sim, eu estava escutando "Todo carnaval tem seu fim" do Los Hermanos e me sentindo estranhamente feliz. Ah, já estava esquecendo... existia um idiota muito especial nos meus pensamentos... huahauahu

Colcha de Retalhos




















Tenho saudades dos tempo de criança,
dos afagos que não tive,
do som distante das cantigas de roda.
Tenho saudades das manhãs frias,
inundadas pelo vento que passava nas frestas de nossa casa.

Tenho saudades das linhas que caiam da tua roupa,
do barulho constante da maquina de costura,
da fita métrica no teu pescoço.
Ainda lembro dos traços precisos da tua tesoura,
do modo que jogava as peças de tecidos sobre a mesa,
da caixinha de giz branco.

Por um instante parece que ainda posso te ouvir,
Posso te ouvir pedindo café,
Gritando meu nome as sete da manhã.
Por um instante ainda te escuto rindo,
de mim,
da tv,
do tempo.
Sempre rindo, sempre na mesma cadeira.
Por um instante penso nas lágrimas que nunca assisti...
Pra onde foram as tuas lágrimas?

Me perco em meio as ruínas de nossa casa,
em meio ao piso que nunca foi colocado na varanda.
Em meio as paredes de concreto, erguidas tão lentamente que nem lembro se chegaram ao fim.
Me perco entre as bananeiras do quintal e o pequeno pé de araça,
corro de pés descalços.
Tão distantes me pareciam os muros daquele quintal.

Lentamente as lembranças me trouxeram o sono,
me cubro,
e percebo que a minha colcha também é de retalhos.